A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

 

Essas perguntas são essenciais porque toda a nossa bagagem literária (tudo aquilo que já lemos pela vida afora) serve de base para nosso conhecimento, visão e opinião acerca do mundo e de tudo o que acontece ao nosso redor diariamente. Para aqueles que escrevem é ainda mais importante essa bagagem literária, porque afinal de contas, nada vem do nada, ou seja, todo o texto que um escritor planeja vem de alguma fonte, de alguma referência prévia de leitura ou de leituras feitas ao longo de sua vida. 

Para Périsse (2000, p. 84) é pela leitura criativa de qualquer livro, que podemos nos tornar aquilo que somos e aquilo que jamais seremos, pois a "maleabilidade é uma das virtudes do ser criativo. [...] Quem não é maleável não se aperfeiçoa. E aprendemos a ser melhores, quanto melhor lemos. Ler é afinar nossa capacidade de ser e é uma das virtudes do ser criativo". 

Entretanto, não basta só ler, é preciso que saibamos como ler e nada melhor do que aprender a ler o livro nas entrelinhas, pois é ali que está concentrada toda a essência do texto. Nas palavras de Périsse (2000, p. 71), começamos a ler melhor quando começamos a fazer perguntas ao livro, uma vez que todo texto pede a participação do leitor, através de um acordo ou pacto ficcional selado entre a obra e o leitor, em que o leitor aceita como verdade dentro dos limites da realidade aquilo que vai ler. 

Nesse sentido, "ler é como conversar. [...] O leitor tem o dever e o direito de replicar. O direito é evidente. Nada o impede de emitir um julgamento. As raízes do dever, no entanto, se fixam um pouco mais profundamente na natureza das relações entre os livros e os leitores", de acordo com Mortimer (1954, p. 187-188)

E, da mesma forma, que temos o direito de fazer perguntas ao livro, temos também o direito de procurar respostas, sanar dúvidas e de emitir um julgamento para o bem ou para o mal sobre aquilo que foi lido, pois é isso que ao final vai fazer com que a leitura tenha valido a pena. 

Por isso, precisamos ler e, principalmente, saber ler as obras que escolhemos, pois como diz Périsse, uma leitura lenta e atenta de um livro, como por exemplo, "dos verdadeiros líderes da humanidade (poetas e filósofos sobretudo), pode atuar como terapia existencial". 

Périsse (2000, p. 71), diz ainda que existem vários motivos que levam uma pessoa a se entregar ao prazer indescritível da leitura: 

Uns leem por necessidade existencial, outros porque virou um vício. Uns leem por prazer, outros por atavismo. [...] Uns leem para saber o que iam ler, outros para escapar da Maldição. Uns leem para imitar os intelectuais, outros para ler a história da vida. Uns leem porque não sabem tocar piano, outros para se vingarem. [...] Uns leem porque não têm motivos, outros por masoquismo. 

Com isso, chegamos à seguinte conclusão: independente do motivo que nos leva a ler, o certo é que o essencial para termos bons argumentos e opiniões sobre tudo o que acontece na vida e no mundo diariamente é ler, ler muito e saber captar a essência daquilo que lemos para obter êxito na leitura e, assim, crescermos alguns degraus na escada do conhecimento para saber aplicá-lo em diferentes contextos. 


Referências Bibliográficas:

MORTIMER, A; DOREN, V. C. A arte de ler: como adquirir uma educação liberal. 1 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1954.

PÉRISSE, G. O leitor criativo: teoria e prática para ler melhor. 1 ed. São Paulo: Mandruvá, 2000.