FILME VERSÃO 2009 - O RETRATO DE DORIAN GRAY








Em sua décima versão para o cinema, o filme retrata bem as aventuras e desventuras do jovem Dorian Gray na sociedade londrina do século XIX, o qual influenciado pelo aristocrata cínico e com uma visão de mundo hedonista, Lord Henry Wotton, se entrega a uma vida de prazeres. Embora não siga religiosamente o enredo do livro (prática normal numa adaptação de romance para cinema), o filme mantém a essência da história, calcada na ruína e na destruição do jovem pela sua própria beleza.

Como em toda adaptação que se preze, são mantidas as principais cenas da história, porém com algumas mudanças e outras são acrescentadas. Dorian Gray chega a Londres e conhece Basil Hallward em uma recepção da sociedade londrina e o pintor sente uma espécie de obsessão pela beleza do rapaz, considerando-o um novo estilo de arte para sua obra. No filme, Basil Hallward quer mostrar o retrato de Dorian em uma exposição da qual vai participar, mas Dorian não deixa. 

No livro, Basil se recusa a expor o quadro, mesmo incentivado por Lord Henry, porque diz que retratou-se a si mesmo pintando Dorian, demonstrando uma paixão pelo jovem. E, além disso, não quer que Lord Henry conheça o rapaz, temendo a influência que o amigo exercerá sobre ele, ao contrário do filme, em que todos se encontram nesta recepção.

Assim ao travarem conhecimento, Lord Henry trata imediatamente de expor suas ideias para o jovem, com frases como:

Ceder a uma tentação é a única maneira de nos libertarmos dela. (p. 16)
A juventude é a única coisa que vale a pena ter. [...] Agora, aonde quer que vá consegue seduzir todas as pessoas. Mas será sempre assim? Tem um rosto de beleza deslumbrante, Mr. Gray. (p.18)
Viva, viva a vida maravilhosa que existe em si! Não desperdice nenhuma oportunidade, procure sempre novas sensações. (p. 19)
Ah, juventude... juventude! Não há mais nada absolutamente no mundo senão a juventude. (p. 20)

Inicialmente, frustrando as expectativas de Lord Henry, o jovem se apaixona pela bela atriz de teatro Sibyl Vane, com quem pensa em se casar. Mas absorvendo cada vez mais as ideias de seu mentor, Dorian Gray a abandona, após experimentar os prazeres proporcionados pela vida noturna nos clubes e pubs de Londres. No livro, esse abandono acontece após a encenação de Romeu e Julieta, a qual ele e os amigos, Lord Henry e Basil Halward vão assistir. A moça numa noite extremamente desfavorável tem uma péssima atuação e isso decepciona profundamente a imagem que o rapaz tem dela, desinteressando-o instantaneamente. Em profundo desespero, ela se suicida nesta mesma noite em seu camarim. No filme o suicídio é cometido, jogando-se no rio Tâmisa.

Dorian então continua a viver uma vida de intensos prazeres na sociedade londrina, até que passa a se sentir perturbado com seu próprio retrato, pintado por Basil Hallward. Arranca-o da parede e o esconde numa sala escura, trancafiando-o. No livro o jovem se afasta do pintor por alguns anos e um dia encontra-o por acaso na rua, com uma mala de viagem, seguindo para a estação. Vão até a casa de Dorian e lá o artista o põe a par de tudo o que falam dele nos círculos londrinenses. Os dois discutem e o jovem leva o pintor para ver sua obra de arte coberta por um pano na sala escura, dizendo que a culpa de tudo é do retrato que este fizera dele, o qual envelhece-o dia após dia.

Ao arrancar o pano que o cobria, Basil Hallward fica horrorizado ao se deparar com um rosto totalmente mutilado e cada vez mais envelhecido, completamente diferente do rosto jovem e belo que havia pintado. Tomado de uma poderosa cólera, Dorian Gray avança para o pintor e o mata, esfaqueando-o na jugular, deixando o corpo na sala. No filme ele esquarteja o corpo, coloca dentro de uma mala e atira os pedaços no rio.

Após este episódio, o jovem parte de Londres para passar uma temporada fora. Ao voltar se envolve e casa com a filha de Lord Henry (que sequer aparece no livro), que não gosta nada da ideia. Curioso em saber o que Dorian Gray fizera com o retrato, numa noite de recepção na casa do rapaz, ele entra na sala secreta onde se encontra a obra de arte e Dorian desesperado o segue. Ele retira o pano de cima do quadro e o contempla aterrorizado. Dorian parte para cima dele e eles lutam. Lord Henry consegue escapar e o tranca dentro da sala. O retrato e o modelo morrem consumidos pelas chamas.

Já no livro ele recebe um livro de presente de Lord Henry, sobre um jovem parisiense e sua vida na sociedade local, uma história que se aproxima bastante da do próprio Dorian Gray. Cada vez mais perturbado com o conteúdo da obra, a qual lhe desencadeia lembranças do passado, entre elas a morte de Basil, Dorian se suicida com uma punhalada no coração, enquanto a beleza de sua juventude é transferida novamente para o retrato.

Enfim, apesar das pequenas diferenças entre um enredo e outro, a adaptação dirigida pelo diretor Oliver Parker agrada e mantém a essência da obra original, o que é o mais importante.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. São Paulo: Abril Controljornal, 2000. Trad. Maria de Lurdes Souza Ruivo. (meio eletrônico)







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