OS PENSAMENTOS FILOSÓFICOS DE SHERLOCK HOLMES



Para Sherlock Holmes não basta ser detetive, é preciso também ser um pouco filósofo na hora de resolver um crime. Por isso,  ele usa de frases bastante filosóficas, como podemos ver nesses exemplos: 

Há algumas árvores, Watson, que crescem normalmente até certo ponto e, depois, apresentam uma anomalia. O mesmo acontece com as criaturas. Tenho uma teoria pela qual o indivíduo representa em seu desenvolvimento toda a procissão de antepassados e a inclinação para o bem ou para o mal significa alguma influência que vem de seu pedigree. Esta pessoa torna-se assim o resumo da história da família. (do livro A casa vazia

Onde não há imaginação, não há horror. (do livro Um estudo em vermelho)

O cão reflete a vida da família. Quem já viu um cão espevitado numa família sorumbática, ou um cão tristonho numa família jovial? Gente rabugenta tem cães rosnadores, gente perigosa tem cães perigosos. (do livro O homem que andava de rastos)

Os cães não cometem equívocos. (do livro O velho solar de Shoscombe)

Para o homem que segue a Arte por amor à própria Arte, é frequentemente de suas manifestações menos importantes e mais simples que deriva o prazer. (do livro As faias cor de cobre)

A imprensa, caro Watson, é uma valiosa instituição, quando a gente sabe usá-la. (do livro Os seis Napoleões)

Talvez eu me tenha treinado para ver aquilo que os outros olham superficialmente. (do livro Um caso de identidade)

Por muito tempo tenho por máxima que são justamente as coisas pequeninas que infinitamente mais valor têm. (do livro Um caso de identidade)

A singularidade é sempre uma chave. Os crimes mais comuns são os mais difíceis para se descobrir. (do livro O mistério do Vale Boscombe)

Você sabe meu método. É baseado na observação das coisas triviais. (do livro O mistério do Vale Boscombe)

O crime é comum. A lógica é rara, e portanto você deve salientar mais a lógica do que o crime. (do livro As faias cor de cobre)

O crime mais vulgar é frequentemente o mais misterioso, porque não apresenta característica nova ou especial de onde as deduções possam ser tiradas. (do livro Um estudo em vermelho)

O LIVRO

 


O LIVRO

Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.

Em «César e Cleópatra» de Shaw, quando se fala da biblioteca de Alexandria, diz-se que ela é a memória da humanidade. O livro é isso e também algo mais: a imaginação. Pois o que é o nosso passado senão uma série de sonhos? Que diferença pode haver entre recordar sonhos e recordar o passado? Tal é a função que o livro realiza.

[...] Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objecto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria.

 [Jorge Luís Borges, no Ensaio: O Livro]

 

 

OS MELHORES PREFÁCIOS DA LITERATURA UNIVERSAL - O RETRATO DE DORIAN GRAY, DE OSCAR WILDE



O artista é o criador de coisas belas. 

Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte. 

O crítico é quem pode traduzir de outro modo ou para um novo meio sua impressão sobre coisas belas. 

A mais elevada modalidade de crítica, é também a mais baixa, é uma forma de autobiografia.

Aqueles que encontram significados feios em coisas belas são corruptos sem serem encantadores. Isso é um defeito.

Aqueles que encontram significados belos em coisas belas são os cultos. Para estes há esperança. 

Eles são os eleitos para os quais as coisas belas significam somente Beleza.

Não existe livro moral ou imoral. Livros são bem escritos ou mal escritos. Isso é tudo.

A aversão do século XIX pelo Realismo é a fúria de Caliban ao ver o próprio rosto em um espelho.

A aversão do século XIX pelo Romantismo é a fúria de Caliban ao não ver o próprio rosto em um espelho.

A vida moral de um homem é parte do tema do artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. O artista não deseja provar nada. Mesmo as coisas verdadeiras podem ser provadas.

O artista não tem inclinações éticas. Uma inclinação ética em um artista é um maneirismo imperdoável de estilo.

O artista nunca é mórbido. O artista pode expressar tudo.

Pensamento e linguagem são para o artista instrumentos de uma arte.

Vício e virtude são para o artista materiais para uma arte.

Do ponto de vista da forma, a arte exemplar é a do músico. Do ponto de vista do sentimento, a arte do ator é a exemplar. 

Toda arte é ao mesmo tempo superfície e símbolo.

Aqueles que vão além da superfície assumem um risco ao fazê-lo.

Aqueles que leem o símbolo assumem um risco ao fazê-lo.

É o espectador, e não a vida, que a arte verdadeiramente espelha.

A diversidade de opinião sobre uma obra de arte demonstra que tal trabalho é novo, complexo e vital.

Quando críticos discordam, o artista está em acordo consigo mesmo.

Podemos perdoar um homem por fazer alguma coisa útil, desde que ele não a admire. A única desculpa para fazer alguma coisa útil é podermos admirá-la intensamente.

Toda arte é completamente inútil.


*** Este prefácio, um dos mais belos da Literatura Universal é uma parte fundamental e intrigante da obra, pois Wilde apresenta várias reflexões sobre a arte, a beleza, a moralidade e a natureza da vida. Ei-las:

Arte e Crítica: Wilde defende a autonomia da arte em relação à moralidade convencional, argumentando que a arte deve ser apreciada por sua própria beleza e valor intrínseco, e não ser submetida a padrões morais rígidos.

Beleza e Envelhecimento: O prefácio introduz a noção central do romance: a ideia de que Dorian Gray vende sua alma para manter sua beleza eterna, enquanto um retrato seu envelhece e se deteriora no lugar dele. Isso levanta questões sobre a natureza da beleza, a passagem do tempo e as consequências de buscar a juventude eterna.

Dualidade da Vida e Arte: Wilde explora a dicotomia entre a vida real e a arte, sugerindo que a arte pode capturar a essência e a beleza de uma pessoa ou objeto de forma mais duradoura do que a própria vida.

Consequências Morais: O prefácio também aborda as implicações morais das ações de Dorian Gray e como a busca desenfreada pela beleza e prazer pode levar à ruína moral e espiritual.

Ironia e Crítica Social: A escrita de Wilde é permeada de ironia e crítica social, e o prefácio não foge disso. Ele desafia as convenções da sociedade vitoriana e questiona as normas morais da época.

Referência Bibliográfica:

WILDE, O. O retrato de Dorian Gray. Trad. Paulo Schiller. 1 ed. São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2012. 

POR QUE LER A SENHORA DE WILDFELL HALL, de Anne Bronte


Juntamente com Agnes Grey, de 1847, A Senhora de Wildfell Hall publicado no ano seguinte (1848) é um dos dois romances produzidos pela autora britânica Anne Brontë, a mais nova do trio de irmãs Brontë. Embora tenha sido ofuscado pelos romances de Charlotte (Jane Eyre) e Emily (O morro dos ventos uivantes), é considerada uma obra importante e influente na Literatura Clássica.

A história se passa no início do século XIX e é narrada por Gilbert Markham, um jovem fazendeiro. A obra é composta por uma série de cartas e diários escritos por Gilbert, bem como por uma parte do diário da personagem principal, Helen Graham.

Helen é uma mulher jovem e misteriosa que se muda para Wildfell Hall, uma propriedade isolada no interior da Inglaterra e desperta a curiosidade e o interesse de Gilbert, que se apaixona por ela. No entanto, Helen é reservada e relutante em se envolver romanticamente.

Conforme a narrativa avança, segredos do passado da protagonista são revelados gradualmente e, assim, ficamos sabendo, que ela é uma mulher forte e determinada, tendo enfrentado um casamento infeliz e abusivo com um alcoólatra chamado Arthur Huntingdon, uma espécie de playboy da época. Decidida a proteger seu filho pequeno e a si mesma dos efeitos prejudiciais do estilo de vida do marido, ela decide abandoná-lo.

Obviamente que para o contexto social conservador daquele período, uma esposa deixar o marido por qualquer razão que fosse era algo extremante malvisto, objeto de escândalo e até motivo de cancelamento na sociedade.

O romance de Anne Brontë é considerado um dos primeiros exemplos de ficção feminista da literatura inglesa, além de mostrar sua habilidade para criar personagens complexos e discutir questões sociais relevantes, como a condição das mulheres vitorianas, pois as normas sociais restritivas limitavam suas escolhas e oportunidades, deixando assim um legado duradouro na literatura feminina.

Como podemos ver, trata-se de uma obra muito à frente de seu tempo, denunciando situações e problemas que continuam a ser enfrentados por mulheres ainda hoje em pleno século XXI numa sociedade teoricamente mais avançada. E, infelizmente, mais agravados pelos inúmeros casos de feminicídio que temos notícia diariamente.

Referência Bibliográfica:

BRONTE, A. A senhora de Wildfell Hall. Trad. Julia Romeu. 1 ed. Rio de Janeiro: Record,  2017. 

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

 

Essas perguntas são essenciais porque toda a nossa bagagem literária (tudo aquilo que já lemos pela vida afora) serve de base para nosso conhecimento, visão e opinião acerca do mundo e de tudo o que acontece ao nosso redor diariamente. Para aqueles que escrevem é ainda mais importante essa bagagem literária, porque afinal de contas, nada vem do nada, ou seja, todo o texto que um escritor planeja vem de alguma fonte, de alguma referência prévia de leitura ou de leituras feitas ao longo de sua vida. 

Para Périsse (2000, p. 84) é pela leitura criativa de qualquer livro, que podemos nos tornar aquilo que somos e aquilo que jamais seremos, pois a "maleabilidade é uma das virtudes do ser criativo. [...] Quem não é maleável não se aperfeiçoa. E aprendemos a ser melhores, quanto melhor lemos. Ler é afinar nossa capacidade de ser e é uma das virtudes do ser criativo". 

Entretanto, não basta só ler, é preciso que saibamos como ler e nada melhor do que aprender a ler o livro nas entrelinhas, pois é ali que está concentrada toda a essência do texto. Nas palavras de Périsse (2000, p. 71), começamos a ler melhor quando começamos a fazer perguntas ao livro, uma vez que todo texto pede a participação do leitor, através de um acordo ou pacto ficcional selado entre a obra e o leitor, em que o leitor aceita como verdade dentro dos limites da realidade aquilo que vai ler. 

Nesse sentido, "ler é como conversar. [...] O leitor tem o dever e o direito de replicar. O direito é evidente. Nada o impede de emitir um julgamento. As raízes do dever, no entanto, se fixam um pouco mais profundamente na natureza das relações entre os livros e os leitores", de acordo com Mortimer (1954, p. 187-188)

E, da mesma forma, que temos o direito de fazer perguntas ao livro, temos também o direito de procurar respostas, sanar dúvidas e de emitir um julgamento para o bem ou para o mal sobre aquilo que foi lido, pois é isso que ao final vai fazer com que a leitura tenha valido a pena. 

Por isso, precisamos ler e, principalmente, saber ler as obras que escolhemos, pois como diz Périsse, uma leitura lenta e atenta de um livro, como por exemplo, "dos verdadeiros líderes da humanidade (poetas e filósofos sobretudo), pode atuar como terapia existencial". 

Périsse (2000, p. 71), diz ainda que existem vários motivos que levam uma pessoa a se entregar ao prazer indescritível da leitura: 

Uns leem por necessidade existencial, outros porque virou um vício. Uns leem por prazer, outros por atavismo. [...] Uns leem para saber o que iam ler, outros para escapar da Maldição. Uns leem para imitar os intelectuais, outros para ler a história da vida. Uns leem porque não sabem tocar piano, outros para se vingarem. [...] Uns leem porque não têm motivos, outros por masoquismo. 

Com isso, chegamos à seguinte conclusão: independente do motivo que nos leva a ler, o certo é que o essencial para termos bons argumentos e opiniões sobre tudo o que acontece na vida e no mundo diariamente é ler, ler muito e saber captar a essência daquilo que lemos para obter êxito na leitura e, assim, crescermos alguns degraus na escada do conhecimento para saber aplicá-lo em diferentes contextos. 


Referências Bibliográficas:

MORTIMER, A; DOREN, V. C. A arte de ler: como adquirir uma educação liberal. 1 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1954.

PÉRISSE, G. O leitor criativo: teoria e prática para ler melhor. 1 ed. São Paulo: Mandruvá, 2000. 

MINHA HISTÓRIA COM MEUS LIVROS - CAPÍTULO 6 - LITERATURA ESTRANGEIRA 2




Nesta prateleira encontram-se mais três livros interessantes, vamos dizer assim. O Fim de caso, do Graham Greene, que eu por acaso encontrei na biblioteca da faculdade num daqueles dias em que eu não ia para casa, pois  trabalhava na Biblioteca Pública do Paraná que fica perto de onde era a faculdade. Assim, se eu fosse para casa teria que voltar em menos de uma hora para o Centro, portanto, não valia a pena o deslocamento até o bairro Boqueirão naquela época.

Então eu ficava pelo Centro mesmo, almoçava, fazia alguma compra numa loja ou livraria ou sentava em alguma praça perto da Biblioteca para ler um pouco antes de trabalhar. Tendo encontrado este livro, devorei-o em poucos dias, além de descobrir que existe uma versão cinematográfica dele com Julianne Moore e Ralph Fiennes (sim, o Heathcliff de uma das versões d'O morro dos ventos uivantes e d'O jardineiro fiel). Logicamente, corri para assisti-lo.

Há também O código da Vinci, do Dan Brown. Este tem uma história curiosa, pois não costumava comprar livros contemporâneos, podemos dizer assim. Estava habituada a comprar os clássicos da Literatura, seja usados ou novos, pois afinal, eu fiz Letras e no curso de Letras a gente estuda mais os clássicos do que os livros da moda. 

Mas acontece que no ano de 2006 quando foi lançada a versão cinematográfica da obra, ela estava sendo tão comentada, falada e discutida ao redor do mundo devido às polêmicas com a Igreja católica que aquilo começou a me despertar uma curiosidade incontrolável e, assim, sem poder resistir mais, eu corri e comprei o livro para também tirar minhas conclusões. 

Já o terceiro livro, também um exemplar da moda e de conteúdo extremamente erótico,  Cinquenta tons de cinza, da E.L. James, comprei pelo mesmo motivo, ou seja, pela polêmica que gerou quando lançaram o filme em 2015. Curiosamente até hoje não li o livro para tirar minhas conclusões, apenas vi por acaso um trecho da película enquanto passava pelos canais da Net numa dessas madrugadas de insônia há um bom tempo atrás.

E, diga-se de passagem, as polêmicas têm sua razão de ser... Mas isso fica para ser debatido e discutido em outro post... 

 









OS MELHORES PREFÁCIOS DA LITERATURA UNIVERSAL - A PAIXÃO SEGUNDO G.H., DE CLARICE LISPECTOR


 

A POSSÍVEIS LEITORES 

Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aquelas que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente --- atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém. A mim, por exemplo, a personagem G.H. foi dando pouco a pouco uma alegria difícil; mas chama-se alegria. 

C.L. 

LISPECTOR, C. A paixão segundo G.H. 1 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. 

P.S. Daqueles prefácios curtos e grossos. 

DA SÉRIE DICAS DE LEITURA - DOS DESASSOSSEGOS E FILOSOFIAS DE FERNANDO PESSOA - SOBRE O TÉDIO



Para quem gosta de Filosofia e vários assuntos num livro só.

Trata-se de uma das maiores obras de Fernando Pessoa e é considerado o livro da vida do poeta. Escrito num período de mais de vinte anos, a obra só foi publicada 47 anos depois da morte de Pessoa. Com mais de 500 fragmentos, versa sobre temas de teor reflexivo, como por exemplo, "o absurdo da existência, a inadaptação à realidade e a relativização das verdades,  incluindo a ideia de Deus e do próprio sujeito, que se sente disperso por força de tanto pensar", segundo as palavras do professor Caio Gagliardi, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. 

Não se deve deixar de mencionar que a obra é assinada por Bernardo Soares, um dos 4 heterônimos do poeta, além de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.  Sem seguir uma sequência linear, o próprio poeta afirmou que o livro era "inacabável" ou "interminável", isto é, continuaria sendo escrito se Pessoa ainda estivesse vivo e, assim até o fim de seus dias se não tivesse partido aos 47 anos. 

Também encontramos fragmentos em que são abordados temas como a solidão, a angústia existencial, a busca pelo sentido da vida, a reflexão sobre a condição humana e a escrita como forma de expressão e autoconhecimento.

No fragmento abaixo, de número 381 (sim, os fragmentos são numerados), o poeta discorre sobre o tédio da existência humana:

 381.

Ninguém ainda definiu, com linguagem com que compreendesse quem o não tivesse experimentado, o que é o tédio. O a que uns chamam tédio, não é mais que aborrecimento; o que a outros o chamam, não é senão mal-estar; há outros, ainda, que chamam tédio ao cansaço. Mas o tédio, embora participe do cansaço, do mal-estar, e do aborrecimento, participa deles como a água participa do hidrogênio e oxigênio, de que se compõe. Inclui-os sem a eles se assemelhar.

Se uns dão assim ao tédio um sentido restrito e incompleto, um ou outro lhe presta uma significação que em certo modo o transcende --- como quando se chama tédio ao desgosto íntimo e espiritual da variedade e da incerteza do mundo. O que faz abrir a boca, que é o aborrecimento; o que faz mudar de posição, que é o mal-estar; o que faz não se poder mexer, que é o cansaço --- nenhuma destas coisas é o tédio; mas também o não é o sentimento profundo da vacuidade das coisas, pelo qual a aspiração frustrada se liberta, a ânsia desiludida se ergue, e se forma na alma a semente da qual nasce o místico ou o santo.

O tédio é, sim, o aborrecimento do mundo, o mal-estar de estar vivendo, o cansaço de se ter vivido; o tédio é, deveras, a sensação carnal da vacuidade prolixa das coisas. Mas o tédio é, mais do que isto, o aborrecimento de outros mundos, quer existam quer não; o mal-estar de ter que viver, ainda que outro, ainda que de outro modo, ainda que noutro mundo; o cansaço, não só de ontem e de hoje, mas de amanhã também, da eternidade, se a houver, e do nada, se é ele que é a eternidade. Nem é só a vacuidade das coisas e dos seres que dói na alma quando ela está em tédio: é também a vacuidade de outra coisa qualquer, que não as coisas e os seres, a vacuidade da própria alma que sente o vácuo, que se sente vácuo, e que nele de si se enoja e se repudia.

O tédio é a sensação física do caos, e de que o caos é tudo. O aborrecido, o mal-estante, o cansado sentem-se presos numa cela estreita. O desgostoso da estreiteza da vida sente-se algemado numa cela grande. Mas o que tem tédio sente-se preso em liberdade fruste numa cela infinita. Sobre o que se aborrece, ou tem mal-estar, ou fadiga, podem desabar os muros da cela, e soterrá-lo. Ao que se desgosta da pequenez do mundo podem cair as algemas, e ele fugir, ou doer de as não poder tirar, e ele, com sentir a dor, reviver-se sem desgosto. Mas os muros da cela infinita não nos podem soterrar, porque não existem; nem nos podem sequer fazer viver pela dor as algemas que ninguém nos pôs.

E é isto que eu sinto ante a beleza plácida desta tarde que finda imperecivelmente. Olho o céu alto e claro, onde coisas vagas, róseas, como sombras de nuvens, são uma penugem impalpável de uma vida alada e longínqua. Baixo os olhos sobre o rio, onde a água, não mais que levemente trêmula, é de um azul que parece espelhado de um céu mais profundo. Ergo de novo os olhos ao céu, há já, entre o que de vagamente colorido se esfia em farrapos no ar invisível, um tom algendo [sic] de branco baço, como se alguma coisa também das coisas, onde são mais altas e frustes, tivesse um tédio material próprio, uma impossibilidade de ser o que é, um corpo imponderável de angústia e de desolação. 

Mas quê? Que há no ar alto mais que o ar alto, que não é nada? Que há no céu mais que uma cor que não é dele? Que há nesses farrapos de menos que nuvens, de que já duvido, mais que uns reflexos de luz materialmente incidentes de um sol já submisso? Que há em tudo isso senão eu? Ah, mas o tédio é isso, é só isso. É que em tudo isto --- céu, terra, mundo, --- o que há em tudo isto não é senão eu! (PESSOA, p. 344-345,1999) 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ELIAS, A. Livro do desassossego, de Fernando Pessoa é publicado: <https://www.fflch.usp.br/44676>  Acesso em 20/03/24. 

PESSOA, F. Livro do desassossego. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 



DA SÉRIE DICAS DE LEITURA - CONTOS DE AMOR E DESAMOR





"O amor é um tema universal e eterno, e nenhum tratado de filosofia nem de moral me proíbe de me ocupar do universal e do eterno".  (Eduardo Wilde, no conto Assim)

Trata-se de uma agradável coletânea de contos da editora Agir (publicada em 2010) organizada por Flávio Moreira da Costa, abordando um dos temas mais universais da literatura: o amor e suas variantes. Dividido em seis sessões: Preliminares, Amores, Paixões, Casamentos, Amores II e Desamores, o livro traz contos dos mais diversos autores, como: Boccaccio, Poe, Camilo Castelo Branco, Machado de Assis, Joseph Conrad, Katherine Mansfield, Dalton Trevisan, Tchekhov, Balzac, Stendhal, Maupassant, Eça de Queirós, Lima Barreto, James Joyce, D.H. Lawrence, Pirandello, Mario de Andrade, Mark Twain, entre outros.

E como não podia deixar de ser, o famoso conto, Giulietta e Romeo, de Luigi da Porto, o qual teria inspirado a história de amor mais conhecida da humanidade, escrita por Shakespeare, na peça Romeu e Julieta, aqui segundo o próprio Flávio Moreira da Costa,  publicado pela primeira vez no Brasil. 

Da seção Preliminares, segue um trecho de O diário de Adão e Eva, conto de Mark Twain, no qual ficam bem claras as diferenças de ambos os sexos em se tratando de sentimentos, desde os primórdios da humanidade. 

Parte I

Fragmentos do Diário de Adão

SEGUNDA-FEIRA
Esta nova criatura de cabelos longos vive me atrapalhando. Está sempre ao meu redor e me segue por todos os lados. Não gosto disto; não estou acostumado a ter companhia. Gostaria que ficasse com os outros animais... Hoje está nublado, o vento sopra do leste; acho que nós teremos chuva... Nós? De onde tirei esta palavra? --- Agora me lembro --- é a nova criatura quem a usa.

SEXTA-FEIRA
O processo de nomear continua intenso e sem qualquer controle, e não há nada que eu possa fazer. Eu tinha posto um ótimo nome no território, um nome musical e belo --- Jardim do Éden. Comigo mesmo, continuo a chamá-lo assim, mas já não posso fazê-lo abertamente. A nova criatura diz que ele é todo bosques e rochas e paisagens, e portanto não se parece de forma alguma com um jardim. Ela diz que se parece com um parque, e que não se parece com mais nada a não ser um parque. Portanto, sem me consultar, ele foi renomeado --- PARQUE DAS CATARATAS DO NIÁGARA. Isto me parece bastante arbitrário. E já tem um cartaz: NÃO PISE NA GRAMA. Minha vida já não tão feliz como antes.

DOMINGO
Suportei.

SEXTA-FEIRA
Ela diz que a serpente aconselhou-a a provar o fruto daquela árvore e disse que o resultado seria um conhecimento maior, mais refinado e nobre. Eu lhe disse que haveria um outro resultado, além deste --- isto introduziria a morte no mundo. Foi um erro da minha parte --- seria melhor se eu tivesse calado este comentário; ele serviu somente para dar-lhe uma ideia ---, ela poderia salvar o urubu doente e servir carne fresca aos desanimados leões e tigres. Eu aconselhei-a a se manter longe daquela árvore. Ela disse que não. Prevejo problemas. Vou emigrar.

Parte II

Diário de Eva

SÁBADO
Tenho quase um dia inteiro de vida, agora. Cheguei ontem. É o que me parece. E deve ter sido isso mesmo, pois, se houve um dia antes de ontem, eu não estava presente quando aconteceu, caso contrário me lembraria. Pode ser, é claro, que tenha acontecido, e que eu não tenha percebido. Muito bem; prestarei bastante atenção de agora em diante, e se alguns dias antes de ontem acontecerem, vou anotá-los. Será melhor começar direito e não deixar o registro ficar confuso, pois algum instinto me diz que tais detalhes serão importantes para um historiador num dia vindouro. Pois me sinto como uma experiência, me sinto exatamente como uma experiência; seria impossível uma pessoa se sentir mais uma experiência do que eu, portanto começo a ficar convencida de que é isto o que eu sou: uma experiência; apenas uma experiência, e nada mais. 
[...]
Segui a outra experiência por aí, ontem à tarde, a distância, para ver qual era a sua função, se houvesse. Mas não fui capaz de defini-lo. Acho que é um homem. [...] No começo tive medo, e começava a correr toda vez que se voltava para mim, pois pensava que iria me perseguir. Mas pouco a pouco descobri que apenas tentava sair de perto, e depois não me senti mais intimidada e comecei a segui-lo durante horas, a uns vinte passos de distância, o que o deixava infeliz e aflito. Por fim, ficou bastante nervoso e subiu numa árvore. [...]

DOMINGO
Ainda está lá em cima. Aparentemente descansando. [...] É uma criatura mais interessada no descanso do que em qualquer outra coisa, me parece. Eu ficaria exausta se descansasse tanto assim. [...]
Quando descobri que podia falar, senti um interesse renovado por aquilo, pois adoro falar; eu falo o dia todo, e durante o sono também, e eu sou muito interessante, mas, se eu tivesse alguém com quem falar, eu seria duas vezes mais interessante, e nunca pararia, se quisesse. 

DOMINGO DA SEMANA SEGUINTE
Durante toda a semana eu fiquei ao redor dele e tentei estabelecer relações. Tive que conversar sozinha, porque ele se sentiu intimidado, mas não me importei com isso. [...]

SEGUNDA-FEIRA
Esta manhã, disse-lhe meu nome, na esperança de que ele quisesse saber. Mas ele não se importou. É estranho. Se me dissesse seu nome, eu me importaria. [...]
Ele fala muito pouco. Talvez porque não seja muito inteligente e tenha consciência disso, tentando esconder este defeito. 
[...]
Não, ele não se interessou pelo meu nome. Tentei disfarçar minha decepção, mas acho que não consegui. [...]

TERÇA-FEIRA
Passei a manhã inteira trabalhando para melhorar o território; e propositalmente me mantive longe dele na esperança de que ele sentisse minha falta e se aproximasse. Mas ele não veio.
Ao meio-dia, parei o trabalho e fui brincar, esvoaçando por todos os lados com as abelhas e borboletas, e rolando por entre as flores, estas lindas criaturas que capturam e preservam o sorriso de Deus. Colhi algumas delas, arrumei-as em ramalhetes e guirlandas, vesti-me com elas enquanto saboreava meu almoço --- maçãs, é claro; então me deitei numa sombra e desejei-o e esperei-o. Mas ele não veio. 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Contos de amor e desamor. Org. Flávio Moreira da Costa. 1 ed. Rio de Janeiro: Agir, 2010. 



MINHA HISTÓRIA COM MEUS LIVROS - CAPÍTULO 5 - LITERATURA ESTRANGEIRA 1





Aqui encontram-se os primeiros livros de Literatura Estrangeira, que fui adquirindo ao longo do caminho. Madame Bovary (que trata do tema adultério lá no século XIX) do Flaubert, foi o primeiro deles, assim que ouvi falar do livro e tomei conhecimento de seu enredo. Meu número! 

Me lembro que por algum motivo no primeiro ano de faculdade, a mesma Prof.ª Rosana, da disciplina de Literatura Brasileira citou o livro e obviamente fiquei curiosíssima para lê-lo! Eu não tinha dinheiro para comprá-lo novo. Mas eu sabia que podia ir a um sebo e trocar por algum livro meu. 

Então comentei o fato com meu colega M. e ele me levou ao primeiro sebo que conheci em Curitiba (o qual infelizmente fechou suas portas), na Travessa Jesuíno Marcondes, onde pude fazer a troca. Não sei se fiz besteira ou não, o fato é que troquei a peça Orfeu da Conceição, do Vinicius de Moraes por Madame Bovary.

Mas o caso é que Orfeu da Conceição tecnicamente não era meu. O livro era (ou não era) de uma ex-colega do meu 3º ano do Ensino Médio. Por quê? Porque no ano em que terminei o Ensino Médio, eu e alguns ex-colegas resolvemos fazer uma pequena festa de encerramento do ano em minha casa, porque afinal, todos iríamos finalmente para uma nova etapa da vida: a faculdade, tão sonhada por alguns e não desejada por outros. 

Então, tivemos a meiga ideia de fazer um amigo-secreto já para comemorar o Natal que se aproximava. Eu ganhei um bichinho de pelúcia (um coelhinho mais precisamente e que guardo até hoje) e uma determinada colega,  a V. foi presenteada pela pessoa que a tirou como amiga secreta, a F., justamente com esse livro do Vinicius.  

O fato é que na hora da revelação, quando V. abriu o presente e descobriu que era o livro, simplesmente teve um chilique inexplicável e fez uma cara de decepção, desfazendo do presente como se não tivesse gostado de recebê-lo, criando uma situação constrangedora não só para ambas,  mas para todos nós que presenciamos a cena patética e desnecessária. F., logicamente não sabia o que fazer e num ato meio que de desespero, ofereceu-se rapidamente para trocar o livro por qualquer outro título que V. escolhesse, mas esta pareceu totalmente desinteressada pela proposta. 

Resultado: ao término da pequena reunião, ao resolver ir para casa, V. decidindo que realmente não gostara do presente, o deixou de lado jogado em cima do meu sofá da sala. E F., sentindo-se naturalmente ultrajada também decidiu que não valia a pena trocar o livro para uma pessoa tão ingrata e tão deselegante na hora de receber um presente e, assim,  o livro acabou sobrando para mim. 

Até o momento não consegui decidir bem se sinto um pequeno resquício de culpa ou não, uma vez que a obra poética de Vinicius que me levou para os caminhos da Poesia. Mas ao mesmo tempo não tinha como não adquirir Flaubert!

Já o outro livro da foto, Sílvia (de Gerard de Nerval, um autor também francês), foi citado por Umberto Eco, nos seus Seis passeios pelos bosques da ficção como um exemplo de autor-modelo que procura criar uma simetria com um leitor-modelo, entre outros conceitos do teórico italiano. Obviamente que não podia deixar de conferir a obra para entender como se dá isso em seu enredo. 

Uma coisa sei que é certa: foi a partir daí que só aumentou meu interesse por Literatura Francesa. 



OS MELHORES PREFÁCIOS DA LITERATURA UNIVERSAL - PAMELA, de SAMUEL RICHARDSON





Com a intenção de divertir e distrair e, ao mesmo tempo, instruir e aperfeiçoar a mente dos JOVENS de ambos os sexos;

Com a intenção de ensinar religião e moralidade de uma maneira tão fácil e agradável que seja capaz, ao mesmo tempo, de torná-las prazerosas e proveitosas;

Com a intenção de explicar, da forma mais clara possível, os deveres paternos, filiais e sociais;

Com a intenção de pintar os maus hábitos com as cores que lhes cabem, de modo a lhes tornar merecidamente odiosos, e de apresentar a virtude com sua própria luz afável de modo a fazer com que pareça atraente;

Com a intenção de retratar personalidades com imparcialidade e de apoiá-las com clareza;

Com a intenção de colocar à mostra a angústia de causas naturais e de estimular a compaixão apenas de alguns;

Com a intenção de ensinar ao homem próspero como usar sua fortuna, ao homem apaixonado como dominar sua paixão, e ao homem maledicente como se regenerar de um modo elegante e digno;

Com a intenção de dar exemplos práticos e adequados a serem seguidos pela virgem, pela noiva e pela esposa em situações mais críticas e aflitivas;

Com a intenção de atingir bons resultados da maneira mais provável, mais natural e mais ágil, como o entusiasmo que deve envolver cada leitor sensato, e manter sua atenção na história;

E tudo sem levantar a mais simples dúvida sobre o conteúdo que possa chocar a pureza mais escrupulosa, mesmo nos momentos mais ardentes em que esta pureza venha a se sentir mais apreensiva.

Se essas recomendações são louváveis e valerem a pena, o editor das cartas seguintes, baseadas tanto na Verdade quanto na Natureza, se arrisca a afirmar que todas as intenções reunidas podem ser alcançadas aqui. 

Portanto, confiante da recepção favorável com que se arrisca a indicar esse seu pequeno trabalho, julga desnecessária qualquer apologia a ele, por dois motivos: primeiro por poder recorrer à sua própria paixão (àquela a que tem sido levado a examinar detalhadamente) e às paixões de todos os que venham a lê-lo com atenção, e depois porque o editor pôde julgá-lo com a imparcialidade que raramente um autor costuma ter. 


RICHARDSON, S. Pamela ou a virtude recompensada. Trad. Carlos Duarte; Anna Duarte. 1 ed. São Paulo: Martin Claret, 2016.  

NOSTALGIA - SÉRIE VAGA-LUME DA EDITORA ÁTICA





HISTÓRIA

Em janeiro de 1973, a Editora Ática lançou uma coleção de livros infanto-juvenis chamada Série Vaga-Lume. O objetivo era oferecer literatura de qualidade para incentivar esse público a tomar gosto pela leitura. Para que ficasse um projeto mais atrativo, muitos autores, incluindo aqueles conhecidos por escrever outros gêneros ou obras voltadas para outros tipos de leitores foram convidados a participar.

A coleção foi tão bem recebida pelo público, que muitas escolas passaram a indicar a leitura das obras para seus alunos. Com mais de cem títulos no catálogo, a Série superou oito milhões de exemplares vendidos até o ano de 2021. E mesmo depois de décadas da primeira edição, "a maioria dos livros ainda hoje têm a mesma ilustração de capa da já clássica primeira edição", como explica a editora de livros juvenis da Editora Ática, Carla Bitelli. 

Entre os títulos mais vendidos estão: O escaravelho do Diabo (de Lúcia Machado de Almeida, lançado em 1956 como um folhetim da revista O Cruzeiro), O mistério do Cinco Estrelas (de Marcos Rey), A ilha perdida (de Maria José Dupré), A turma da Rua Quinze (de Marçal Aquino) e Meninos sem pátria (de Luiz Puntel).

Você que conhece a coleção, qual (is) é (são) seu (s) preferido (s)? E para quem não conhece fica a dica! 

Lista de livros publicados

VolumeTítuloAutorAno de publicação
1A ilha perdidaMaria José Dupré1973
2Cabra das RocasHomero Homem1973
3Coração de OnçaOfélia Fontes e Narbal Fontes1973
4Éramos SeisMaria José Dupré1973
5O Escaravelho do DiaboLúcia Machado de Almeida1974
6O Gigante de BotasOfélia Fontes e Narbal Fontes1974
7O Caso da Borboleta AtíriaLúcia Machado de Almeida1975
8Cem noites TapuiasOfélia Fontes e Narbal Fontes1976
9Menino de AsasHomero Homem1977
10TonicoJosé Rezende Filho1978
11SpharionLúcia Machado de Almeida1979
12A Serra dos Dois MeninosA. Fraga Lima1980
13O Mistério do Cinco EstrelasMarcos Rey1981
14Zezinho, o dono da porquinha pretaJair Vitória1981
15O Feijão e o SonhoOrígenes Lessa1981
16Aventuras de XistoLúcia Machado de Almeida1982
17O rapto do Garoto de OuroMarcos Rey1982
18Xisto no espaçoLúcia Machado de Almeida1982
19Tonico e CarniçaFrancisco de Assis Almeida Brasil e José Rezende Filho1982
20Um Cadáver Ouve RádioMarcos Rey1983
21Xisto e o Pássaro CósmicoLúcia Machado de Almeida1983
22A Primeira ReportagemSylvio Pereira1983
23Sozinha no MundoMarcos Rey1984
24Os Pequenos JangadeirosAristides Fraga Lima1984
25Os Barcos de PapelJosé Maviael Monteiro1984
26Deus me Livre!Luiz Puntel1984
27O Mistério dos Morros DouradosFrancisco Marins1985
28Dinheiro do céuMarcos Rey1985
29Perigos no MarAristides Fraga Lima1985
30A Grande FugaSylvio Pereira1985
31Bem-vindos ao RioMarcos Rey1986
32Pega LadrãoLuiz Galdino1986
33Açúcar AmargoLuiz Puntel1986
34O Outro Lado da IlhaJosé Maviael Monteiro1986
35Enigma na TelevisãoMarcos Rey1987
36Os Passageiros do FuturoWilson Rocha1987
37Meninos sem PátriaLuiz Puntel1988
38A Montanha das Duas CabeçasFrancisco Marins1988
39O Ninho dos GaviõesJosé Maviael Monteiro1988
40Garra de CampeãoMarcos Rey1988
41A Vida Secreta de JonasLuiz Galdino1989
42Aventura no Império do SolSilvia Cintra Franco1989
43Quem Manda já MorreuMarcos Rey1989
44A Turma da Rua QuinzeMarçal Aquino1989
45Na Barreira do InfernoSilvia Cintra Franco1990
46Um Leão em FamíliaLuiz Puntel1990
47Corrida InfernalMarcos Rey1990
48Na Mira do VampiroLopes dos Santos1990
49A Árvore que Dava DinheiroDomingos Pellegrini1991
50A Maldição do Tesouro do FaraóSérsi Bardari1991
51O Desafio do PantanalSilvia Cintra Franco1991
52Na Rota do PerigoMarcos Rey1991
53Ameaça nas Trilhas do TarôSérsi Bardari1992
54O Jogo do CamaleãoMarçal Aquino1992
55Tráfico de AnjosLuiz Puntel1992
56Um Rosto no ComputadorMarcos Rey1992
57O Fantasma de Tio WilliamRubens Francisco Lucchetti1992
58Confusões & CalafriosSilvia Cintra Franco1992
59Um Gnomo na Minha HortaWilson Rocha1993
60Office-boy em ApurosBosco Brasil1993
61Doze Horas de TerrorMarcos Rey1993
62O Segredo dos Sinais MágicosSérsi Bardari1993
63A Aldeia SagradaFrancisco Marins1993
64O Mistério da Cidade-FantasmaMarçal Aquino1994
65Agitação à Beira-marLeusa Araujo1994
66O Brinquedo MisteriosoLuiz Galdino1994
67Um Inimigo em Cada EsquinaRaul Drewnick1994
68O Diabo no Porta-malasMarcos Rey1995
69O Fabricante de TerremotosWilson Rocha1995
70Viagem pelo Ombro da Minha JaquetaLô Galasso1995
71Em Busca do DiamanteFrancisco Marins1995
72A Vingança da CobraMarcos Bagno1995
73Vencer ou VencerRaul Drewnick1995
74O Primeiro Amor e Outros PerigosMarçal Aquino1996
75O Super TênisIvan Jaf1996
76A Charada do Sol e da ChuvaLuiz Galdino1996
77Terror na FestaJanaína Amado1996
78Gincana da MorteMarcos Rey1997
79Jogo SujoMarcelo Duarte1997
80Missão no OrienteLuiz Puntel1997
81O Preço da CoragemRaul Drewnick1997
82A Magia da Árvore LuminosaRosana Bond1998
83Segura, peão!Luiz Galdino1998
84A Grande ViradaRaul Drewnick1999
85A Guerra do LancheLourenço Cazarré1999
86O Robô que Virou GenteIvan Jaf1999
87Nas Ondas do SurfeEdith Modesto2000
88Operação Nova YorkLuiz Antonio Aguiar2000
89Correndo Contra o DestinoRaul Drewnick2001
90Deu a Louca no TempoMarcelo Duarte2001
91Tem Lagartixa no ComputadorMarcelo Duarte2001
92Crescer é uma AventuraRosana Bond2002
93S.O.S. Ararinha-azulEdith Modesto2002
94Manobra RadicalEdith Modesto2003
95Na Ilha do DragãoMaristel Alves dos Santos2003
96O Ouro do FantasmaManuel Filho2004
97A Noite dos Quatro furacõesRaul Drewnick2005
98O Grito do Hip-HopFátima Chaguri e Luiz Puntel2005
99O Segredo dos ÍndiosEdith Modesto2005
100O Senhor da ÁguaRosana Bond2006
101A Chave do CorsárioEliana Martins2007
102Morte no ColégioLuis Eduardo Matta2007
103Salvando a PeleMário Teixeira2007
104O Mestre dos Games[5]Afonso Machado2008
105Ponha-se no Seu Lugar[6]Ana Pacheco2020
106Os Marcianos[6]Luiz Antônio Aguiar2021

FONTE DE PESQUISA:

Wikipedia. Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rie_Vaga-Lume> Acesso em 23/02/2024