HISTÓRIA DA LITERATURA GÓTICA
O termo "gótico" vem do latim gothicu e é um
adjetivo referente à tribo dos godos, um povo de cultura germânica, habitante
da região do rio Danúbio, que posteriormente se espalhou pela Europa. Mais
tarde o termo passou a abranger e a se referir a outras áreas, como a
arquitetura, as artes plásticas e a literatura.
Em
literatura, surgiu no século XVIII na Inglaterra com a obra, O castelo
de Otranto, de Horace Walpole (1764), o qual tinha como subtítulo a
expressão "a gothic story". Com uma narrativa ambientada em um
castelo medieval recheada de seres sobrenaturais e inusitados como: fantasmas,
estátuas vivas e gigantes associados aos sentimentos de amor, angústia e terror,
seu livro obteve imenso sucesso, tendo-se seguido mais de 150 edições após o
lançamento.
Considerada
uma vertente literária do Romantismo, a literatura gótica se volta mais para o
mistério e o obscuro. Daí suas principais características: uso de cenários
medievais; personagens melodramáticos; psicologia do terror, na qual se explora
sentimentos como o medo e a loucura; uso do imaginário sobrenatural, no qual
aparecem figuras fantasmagóricas, demônios, monstros e espectros; morte;
satanismo; presença de aspectos religiosos; concepções estéticas e filosóficas,
entre outras.
Assim:
Quer-se crer que não se trata duma ficção menor, votada ao
entretenimento do leitor, mas de romances, ou novelas, dotados de outro
interesse, na medida em que os protagonistas, antes que meros fantoches, seriam
autênticos casos psicológicos. Além disso, o gótico busca envolver o leitor,
mantendo-o em suspense, alarmá-lo, chocá-lo, incitá-lo, provocando-lhe, em
suma, uma resposta emocional. Portanto, "a marca distintiva da ficção
gótica é a sua atmosfera e o uso que dela se faz" [...]: os vários
expedientes cenográficos (castelos em ruínas, trevas, etc.) apenas colaborariam
para formular a ambiência em que se pretende imergir o leitor. A atmosfera pode
ser de terror ou de horror, conforme dependa do suspense ou medo, no primeiro
caso, ou de o leitor ser atingido "frontalmente com acontecimentos que o
chocam e o perturbam", no segundo. (MOISÉS, 2002, p. 261-262)
Nascidas
como uma reação ao Racionalismo, as primeiras obras góticas buscavam uma forma
de evitar a dor da solidão e do sofrimento através de um mundo não dominado
pelo ser humano e da crença em seres extraordinários. Além disso, a Europa
experimentava um grande desenvolvimento científico nessa época e, portanto,
retornar às crenças antigas era uma maneira de se distanciar desse universo
racional.
Alguns dos
principais autores da literatura gótica universal são: Ann Radcliffe, Mathew
Lewis, William Godwin, Charles Robert Maturin, Mary Shelley, Lord Byron,
Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe, além dos brasileiros Álvares de Azevedo,
Alphonsus de Guimarães e Augusto dos Anjos.
Um dos grandes personagens da literatura gótica é o monstro Frankenstein, criado em 1820 por Mary Shelley na obra de mesmo nome. Outras obras publicadas com títulos semelhantes nessa mesma vertente são: Nightmare Abbey, de Thomas Love Peacock e Northanger Abbey, de Jane Austen (póstuma).
Mais tarde,
em 1891 com a publicação de O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, houve um
fortalecimento da estética gótica, surgindo as primeiras obras vampirescas,
como Drácula, de Bram Stoker publicado em 1897, tendo sido adaptado várias
vezes para o teatro e o cinema. Outra obra inserida nesta vertente é,
Entrevista com o vampiro, de Anne Rice, publicada em 1973.
Por
apresentarem intensa carga emocional, atmosfera sombria, personagens
perturbadores, ambientes fantasmagóricos, entre outras, essas obras afrontavam
os costumes e a cultura de suas épocas, sendo por isso, fortemente rejeitadas
pelo público leitor.
Entretanto, com o passar do tempo e a popularização das obras, esse quadro de rejeição mudou completamente, fazendo com que fossem adaptadas para o cinema.
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