PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN (LIVRO E FILME)





Baseado na obra de Lionel Shriver, autora do livro de mesmo nome (que por sua vez é baseado em fatos reais acerca de uma tragédia escolar nos subúrbios de Nova York), o filme conta a história de Eva, uma mulher que prezava por sua liberdade e não desejava ser mãe, mas é obrigada a assumir o papel depois de muita insistência do marido Franklin para ter filhos. Ao descobrir a gravidez de Kevin, Eva passa a sentir-se estranha consigo mesma, pois teve de deixar sua vida de cidadã do mundo e executiva de uma bem-sucedida empresa de viagens para embarcar na amedrontadora aventura da maternidade. 

Assim, Eva passa seus dias dedicando-se à nova casa no subúrbio e aos preparativos para a chegada do bebê, dividida entre dois mundos e sentindo-se culpada por não desejar ardentemente aquele filho. Após o nascimento de Kevin, ela desenvolve uma relação de amor-ódio-culpa com a criança, que apresenta um comportamento claramente arredio e indócil, como se soubesse dos dilemas da mãe em relação a ele. 

Conforme vai crescendo, o menino vai dando sinais cada vez mais claros de sua personalidade sombria, provocando a raiva da mãe em pequenas situações de convívio, principalmente depois da chegada da irmã e, claro sempre tentando colocar a mãe contra o pai, pois tinha nele um aliado. Eva sentindo-se cada vez mais desconfortável e assustada com o comportamento de Kevin tenta de todas as formas manter um diálogo com o marido, que não lhe dá ouvidos, pois acredita que o menino só está sendo criança, isto é, querendo chamar a atenção dela para ele de forma inocente. 

Entretanto, ao chegar na adolescência, Kevin desencadeará uma tragédia sem limites dentro e fora da família, o que levará Eva a questionar-se sobre o seu papel de mãe, procurando entender o porquê de tanto ódio e tanta maldade e até que ponto o próprio comportamento dela diante da maternidade influenciou a vida e o comportamento do menino. E, assim passa a reexaminar todos os fatos que fizeram com que chegasse até ali e sua vida fosse virada totalmente de cabeça para baixo. 

No livro, em forma de romance epistolar, Eva usa de cartas para buscar essa comunicação com o marido que faltou no casamento, após a tragédia ocorrida e a evidente separação dos dois, tentando encontrar a resposta para a famosa pergunta: onde foi que eu errei?

Trata-se portanto, de um thriller psicanalítico, que procura discutir até que ponto os pais são culpados pelos desvios de caráter e de personalidade dos filhos. Até que ponto o tipo de criação e o ambiente em que foram criados influencia no desenvolvimento de pequenos delinquentes, pequenos monstros cheios de maldade prontos para desencadear terríveis tragédias. 

Um filme e um livro para serem vistos, lidos e discutidos. 





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