Leopold Von Sacher-Masoch foi um escritor nascido na Polônia em 1836, mas que se considerava alemão. Alimentando o sonho de se tornar um escritor famoso e reconhecido, projetou a publicação de um conjunto de livros chamado O legado de Caim, retratando aspectos da condição humana, tema este que viria a ser a essência de sua produção literária.
Fazendo parte do primeiro volume, A Vênus das peles, é uma novela escrita em 1870, obra que imortalizou Sacher-Masoch por abordar o tema do prazer sexual obtido através do sofrimento, mais conhecido pelo termo (sado) masoquismo, tirado do nome do próprio autor pelo psiquiatra austríaco Richard von Krafft-Ebing, que em 1886 publicava um tratado psicológico arrolando as principais práticas sexuais que fogem da normalidade.
Outro autor que teve seu nome usado para batizar perversões sexuais foi o Marquês de Sade, com o termo sadismo para se referir à prática sexual em que um parceiro sente prazer ao provocar dor no outro.
Inspirado na própria vida do autor, a narrativa trata do peculiar relacionamento amoroso calcado na dominação e submissão entre Severin e Wanda von Dunajew, no qual as partes celebram um contrato em que ele será totalmente submisso a ela, sendo, portanto, seu escravo sexual, dando-lhe poderes para controlá-lo e aplicar-lhe sofrimentos e castigos da maneira que bem entender, mas em troca, Wanda deveria por vezes vestir somente uma pele de animal sobre o corpo e fingir ser a deusa Vênus do amor.
De início, Wanda sente-se um pouco constrangida, mas com o passar do tempo acaba gostando da posição de dominadora na relação e, assim, cumpre com requintado prazer os perversos desejos de Severin:
[...] A senhora sabe que sou um "ultra-sensual", que em mim tudo remete ao imaginário, e é no sonho alimentado. Cedo amadureci e fui altamente estimulado, ao ter em mãos, aos dez anos de idade, as lendas dos mártires. Recordo-me de ter lido horrorizado, ainda que com verdadeiro prazer, como feneciam nas prisões, ou eram colocados em espetos, transpassados de flechas, fervidos em pez, lançados às feras, ou então como padeciam na cruz, e de como a tudo isso padeciam com uma espécie de alegria. Sofrer, suportar cruéis tormentos apareceram-me como prazer, tanto mais se infligidos por uma bela mulher, que para mim desde sempre concentrou toda a poesia, como tudo o que há de demoníaco. A ela rendi formal e cerimonioso culto. (MASOCH, p. 62, 2008)
E por tomar tanto gosto pela coisa, Wanda terminará por proporcionar ainda mais prazeres inimagináveis e inesperados para Severin, o que lhe deixará surpreso e assustado, fazendo com que a história tome um rumo diferente do que ele imaginou.
BIBLIOGRAFIA:
MASOCH, S. A Vênus das peles. Trad. Saulo Krieger. 1 ed. São Paulo: Hedra, 2008.
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